segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

A sorte de um trevo com Quatro Folhas

Sorte todos queremos ter na vida. Mas a histeria a roçar a loucura completa e colectiva de todos os portugueses a cada Sexta-feira quando existe "jackpot" e jogam pensando que lhes pode sair o euromilhões, é algo indescritível. Mas fica mesmo toda a gente cheia de esperança, eu chamo-lhe o efeito “prozac” do “jackpot” do euromilhões. E o assunto vem sempre à conversa no café e quando falam nisso, os jogadores sorriem e ficam com aquele brilhozinho de felicidade quando pensam que lhes pode sair umas dezenas de milhões de euros. Confesso que até gosto de participar na euforia de sexta-feira de “jackpot” no loto europeu. Sinceramente, acho que uma pessoa que se auto-controla nas apostas, não faz nada de mal em gastar uns euros que não lhe façam falta neste jogo, até porque metade das receitas patrocinam muitas actividades de beneficência promovidas pela Santa Casa da Misericórdia, assim apela-se à ganância do apostador dando-lhe uma dose de esperança de ser milionário e em contrapartida a receita arrecada dá esperança a tantas pessoas que necessitam de ajuda. Alguma vez tantas pessoas dariam tanto dinheiro para caridade de livre vontade? Jogar 2, 4 ou mesmo 10 euros (caso não lhe faça falta o dinheiro) em dia de “jackpot” é um dever nacional, até porque ajudamos a fazer o bem e a manter uma das mais velhas instituições de Portugal.

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa foi criada no dia 15 de Agosto de 1498, no mesmo ano em que os navegadores portugueses alcançaram a Índia por via marítima, ao fim de quase um século de navegações pelos mares do nosso planeta. Devido às necessidades da época (órfãos e órfãs e viúvas de náufragos e mortos em batalha, doentes e deficientes por causa da guerra, das pestes e doenças que proliferavam pelo reino, os abandonados, os pobres e os presos, assim como os pobres envergonhados, que como hoje também existiam antigamente), surgiu a primeira misericórdia portuguesa em resultado de especial intervenção da Rainha D. Leonor, com o total apoio do nosso Rei D. Manuel I. No Século XV tinham como obras:
7 Espirituais, mais orientadas para questões morais e religiosas:
Ensinar os simples;
Dar bom conselho;
Corrigir com caridade os que erram;
Consolar os que sofrem;
Perdoar os que nos ofendem;
Sofrer as injúrias com paciência;
Rezar a Deus pelos vivos e pelos mortos;

7 Corporais, relacionadas sobretudo com preocupações "corporais" do campo das necessidades materiais):
Remir os cativos e visitar os presos;
Curar e assistir os doentes;
Vestir os nus;
Dar de comer a quem tem fome;
Dar de beber a quem tem seja;
Dar pousada aos peregrinos;
Sepultar os mortos;

Mais tarde, em 1783 instituíram a lotaria nacional para financiar as muito nobres actividades desta instituição.

Pela ajuda ao outro que como em 1498 tal como hoje necessitam de assistência e para manter as nossas tradições jogamos uns euros no euromilhões e quem sabe se Deus nos paga com algum prémio por ajudarmos a fazer o bem.